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Teocentrismo, antropocentrismo e “ecocentrismo”

A chamada Idade Média, período de transição entre a Idade Antiga e Contemporânea (que estamos vivendo), também foi denominada Idade das Trevas ou do obscurantismo. A mórbida alcunha de “Trevas” se deve ao fato de todo conhecimento humano ser tolhido, evitado e condenado. Tudo girava em torno da Fé Católica em toda a Europa e nos territórios ocupados e colonizados no chamado Mundo Antigo ou Velho Mundo.

 

Tudo o que se considerasse contra as leis de Deus ou da Igreja era tachado de demoníaco, ou herege, e condenado ao “fogo do inferno”. O que se opusesse ou ameaçasse o domínio da Igreja Católica e de seu Clero, era submetido ao julgamento nos tribunais da Santa Inquisição. Se condenado, o individuo poderia receber como pena, desde torturas físicas (para expulsar o “demônio”), até a própria morte, fosse por enforcamento, decapitação ou mesmo queimado vivo em grandes fogueiras montadas em praça pública. A execução da pena tinha que ser vista por todos, para que ficasse claro qual o destino de quem desafiasse Deus e A Santa Madre Igreja.

Tudo era mantido de tal forma que o povo tivesse a crença de que tudo o que acontecia, acontecia por vontade e intercessão direta de Deus e a única chance de reverter o mal, seria através de Sua Igreja. Terremotos, maremotos, nevascas, secas e enchentes, entre outras tantas catástrofes, eram atribuídas diretamente à Cólera Divina. Se remontarmos a história ainda mais antiga, é fácil encontrar esta crença em vários povos nas mais diversas partes do mundo. Deus, ou os deuses, dependendo da cultura, tinham efeito direto na vida das suas criaturas. A salvação estava nos ritos religiosos para aplacar a Ira Divina. Desde os sacrifícios humanos em povos como Incas, Maias e Astecas, aqui na América, costume que também fez parte da cultura de diversos outros povos primitivos mundo afora.

Na Idade Média, a salvação estava em seguir as regras da Igreja Católica, que não podiam ser contestadas de forma alguma, sob a égide a Bíblia Sagrada, tida como o manual de regras a serem seguidas cegamente. 

O poder da Igreja se confundia com o poder das monarquias, tidas como instituídas por Deus e sob a proteção de Sua Santidade o Papa. A burguesia que surgia e enriquecia fruto do mercantilismo crescente na época, começou a contestar o absolutismo das monarquias e da Igreja que as referendava. Assim, usaram seu dinheiro e influencia para criar o movimento denominado “Renascença” ou “Iluminismo”, apostando na renovação das artes e das ciências, como forma de desbancar o Poder Absoluto “dado por Deus”, à Igreja e seus monarcas.

Esta aposta no livre pensamento humano acabou por triunfar, de certa forma, acabando com o Teocentrismo – modelo de sociedade que tinha Deus no centro de tudo – e criando o Antropocentrismo – que coloca o homem como centro dos acontecimentos.

Este modelo possibilitou uma explosão do conhecimento, da ciência, tecnologia e do avanço em diversas áreas humanas. Nesta esteira surge a revolução industrial, a descoberta de vacinas, as máquinas, a conquista do espaço e, pronto, o homem não precisava mais de Deus para nada. Esta é outra discussão interessante, mas longa, e que fica para futuros textos aqui neste espaço. O foco é chegarmos ao tempo em que vivemos em que acredito, estamos sob a regência de um novo modelo de sociedade, baseada no que eu chamaria de “Ecocentrismo”.

Tudo é determinado e delimitado a partir da Ecologia. Tudo o que se limita ao ser humano, se limita através dos conceitos do que é, ou não, “ecologicamente correto”. Antes que seja tachado de “contrarrevolucionário”, deixo bem claro que sou um defensor de uma nova consciência sobre o mundo que nos cerca. Há anos adotei práticas sustentáveis e venho me doutrinando a melhorar sempre em busca de equilíbrio ecológico. Reciclagem, cultivo orgânico, práticas naturais de controle de pragas em hortas caseiras e comerciais, uso racional dos recursos hídricos e muitas outras práticas, já fazem parte da minha vida e daminha família. Digo isso apenas para esclarecer que meu objetivo não é de assumir uma trincheira contra a Ecologia. Apenas faço aqui uma reflexão sobre o momento em que vivemos.

Depois que um ex-vice-presidente dos Estados Unidos passou a ser um “defensor” da Ecologia e dos “pobres animaizinhos e plantas” do planeta, criou-se uma onda de “Ecologismo” mundo afora. De repente os maiores destruidores do Planeta passaram a posar de mocinhos nesta cruzada pela vida na Terra. Defender as florestas tropicais na América Latina passou a ser uma questão de redenção para o mundo todo. Todos olham para o Brasil como se nós fossemos a palmatória do mundo. “A Amazônia e o Pulmão do Mundo”, dizem. A riqueza dos ecossistemas brasileiros foi alçada à condição de nova “Arca de Noé”. Fica parecendo a história de “Quem mexeu no meu queijo?”. Comeram todo o queijo deles e agora querem que guardemos o nosso, como se fosse deles.

O Brasil é o único país do mundo que tem 35% de seu território declarado área de reserva ambiental ou indígena. Além disso, quem possui acima de três hectares de terra é obrigado a reservar mais 20% desta área para reserva ambiental. E mesmo assim não estão contentes. Qual é o percentual de reservas para os índios Norte Americanos? Quanto de vegetação nativa a Europa reserva? Quanto de florestas se derruba anualmente nestas duas regiões do planeta?

Ninguém sabe estas respostas, ou fingem não saber. Mas, o que acontece por aqui, todos sabem e todos se sentem no direito de interferir.

 

Mas, por quê?

Será que realmente eles se interessam pelos ecossistemas, ou em atravancar as possibilidades que temos de explorar de forma racional nossas riquezas naturais?

Há inúmeras formas de explorar nossos recursos naturais de forma absolutamente sustentável, de forma a extrair a riqueza das matas, sem destruí-las. Mas isso se tornou impossível, pois criamos um sistema totalmente equivocado de concepção de preservação que nos proíbe qualquer forma de manejo. Mas aquém isso interessa afinal?

Criaram uma moda sobre ecologia, com financiamento e interesse de grandes grupos internacionais, como forma a nos impedir de crescer usando, sem destruir nossos recursos e nós, como sempre, caímos na armadilha, adotamos a “modinha dos gringos” e como bobos da corte, ficamos fazendo gracinhas para eles rirem. Ficamos recebendo a todos com nossas mulatas “rebolantes” e algumas “sombras” ou arremedos do que seriam índios de verdade, pintados e pulando para agradar aos turistas e dizer que somos preservacionistas.                           

Enquanto isso, eles estão extraindo tudo o que de bom tem em nossas matas, pesquisando, patenteando para eles e, quando não houver mais o que se possa aproveitar, ai talvez eles lancem outra moda, onde seja bonito acabar com as florestas. Ai, a única forma de termos a riqueza das nossas florestas, vai ser comprando os produtos que eles desenvolveram a partir das nossas plantas.

Hoje, tudo o que acontece de desgraça é culpa novamente do homem. A diferença é de que agora não é mais a Ira Divina que nos puna e sim a “Mãe Natureza”. Até quando vamos ficar de massa de manobra neste jogo internacional de interesses?

Enquanto você pensa sobre tudo isso, vai comendo uma rapadura que, aliás, os alemães já registraram como deles e vá tomando um suco de Açaí que também já foi patenteado por estrangeiros. Mas não pense demais porque pode influenciar no aquecimento global. Por falar nisso, não esqueça que o aquecimento global é culpa nossa, por isso não podemos usar mais nada da nossa natureza e precisamos pagar por nossos “pecados” doando nossas riquezas para os estrangeiros.

 

Será que já não vimos este filme antes?