Gôndola completa 10 anos em Nova Veneza
A gôndola Lucille chegou em 2006 e é um dos símbolos da cidade que se tornou polo turístico da região Sul de Santa Catarina.
Existem apenas quatro gôndolas doadas oficialmente pelo governo de Veneza, na Itália: uma em Toronto, no Canadá; outra em São Petersburgo, na Rússia; a terceira em Pequim, na China; e a última em Nova Veneza, Santa Catarina, Brasil, que completa 10 anos em solo brasileiro neste mês e foi um dos motivos pelos crescimento do turismo no município.
A gôndola, de nome Lucille, chegou em 2006. Foi utilizada nos canais de Veneza antes de ser doada e é 100% artesanal, fabricada por um canteiro que tem mais de 700 anos e simboliza uma aproximação entre as cidades.
A embarcação já sofreu duas reformas devido ao número de visitantes, exposição às variações climáticas e tipo de água diferente ao de seu país de origem. Está localizada em um lago artificial no centro da cidade, na Praça Humberto Bortoluzzi, e é motivo de orgulho da cidade e curiosidade de visitantes e turistas.
De 1998 a 2006 – Nova Veneza ganha uma gôndola
As tratativas para a vinda de uma gôndola se iniciaram no ano de 1998 com a ida do coral Peregrinos da Montanha para a Itália, como conta o ex-vice-prefeito de Nova Veneza, Marcos Spilere.
“Era vereador na época e acompanhei o coral. O maestro do Coral Cortina d’Ampezzo, Benedetto Fiori, foi quem sugeriu que Nova Veneza deveria receber uma gôndola de presente quando viu que havia uma gôndola em nossa bandeira”, lembra.
As tratativas e conversas foram iniciadas e culminou com a vinda da gôndola em 2006. “Benedetto articulou com Renato Morandina, secretário de Cultura de Veneza, minha ida para a Itália em fevereiro de 2006. Montamos uma equipe que contatava com alguns nomes do município como Realdino Busarello e os vereadores José Luiz Ronconi e César Pasetto. Tinha que convencer as autoridades italianas que o povo de Nova Veneza estava esperando a gôndola como um presente. Depois de muitas conversas eles aceitaram doar uma gôndola para Nova Veneza”, recorda Spilere.
A gôndola foi trazida de navio até o porto de Itajaí, de onde foi levada até a cidade em um caminhão. A chegada foi um evento para o pequeno município e contou com a participação de políticos e autoridades.
De 2006 a 2016 – Turismo em crescimento
Para o ex-secretário de Cultura, Esporte e Turismo de Nova Veneza, Giliard Cesconeto Gava, que também foi um dos responsáveis pela vinda da gôndola, a embarcação é um marco para a cidade e simboliza uma aproximação entre as cidade irmãs.
“A Associação de Promoção Turística de Veneza tem seus objetivos com a gôndola aqui em Nova Veneza e automaticamente nós aqui no Brasil, que com o nome da nossa cidade divulgamos o nome de Veneza na Itália. Cada um que vem aqui e encontra a gôndola tem vontade de conhecer as gôndolas nos canais de Veneza. É um ente promotor da cidade de Veneza dentro Brasil. Um dos quesitos é que para noivos, casais e fotógrafos não se cobre, pois há um interesse que estas pessoas façam as suas luas de mel em Veneza”, revela Gava.
Desde a chegada da gôndola em Nova Veneza, a cidade teve um crescimento no turismo. Obteve sucesso nos eventos tradicionais como a Festa da Gastronomia e Carnevalle di Venezia, que reúnem mais de 80 mil visitantes todos os anos e conta com uma rota gastronômica com mais de 20 restaurantes e empreendimentos ligados ao turismo.
“A gôndola foi a principal alavanca para o turismo de Nova Veneza, foi um marco. Muitas pessoas do Brasil todo vem para ver a gôndola. Temos o turismo gastronômico e religioso, mas somos uma potência no turismo por causa da gôndola”, ressaltou a presidente da Associação Neoveneziana de Turismo (Anet), Larissa Bortolotto.
Documentário
Exibido em 2014 pelo Canal Brasil, o documentário “Uma Gôndola para Nova Veneza”, produzido pela jornalista Joana Nin, registra a história da gôndola que chegou até Nova Veneza e teve destaque nacionalmente.
“A gôndola veio para Nova Veneza em função da busca do retorno às origens da imigração que provocou a ocupação deste lugar. O baile das máscaras também tem a ver com isso. É claro que estas iniciativas tem um lado político e outro turístico, mas nada disso desmerece a iniciativa de resgate cultural. A gôndola na praça, ali parada, não significa objetivamente nada, mas de uma forma ou de outra ela mexe com o sentimento de pertencimento da população da região, não só de Nova Veneza”, salienta a jornalista.
Assista ao trailer do documentário no site: http://www.sambaquicultural.com.br/projeto/uma-gondola-para-nova-veneza/