Gastronomia

Restaurante abre as portas para imigrantes em Nova Veneza

Senegalês viu a oportunidade como crescimento profissional e pessoal na galeteria e pizzaria.

A Casa do Chico, um dos restaurantes do trade gastronômico de Nova Veneza abriu suas portas para três imigrantes, um português, um argentino e recentemente contratou um senegalês para servir mesas, o resultado foi aprovado pelos clientes. Os imigrantes que chegam ao Brasil em busca de uma vida melhor encontram discriminação e trabalho pesado, são raras as oportunidades de trabalho que lhes ofereçam crescimento.

A tragédia que abalou o Haiti em 2010 abriu um fluxo migratório para o Brasil, de lá para cá levas de imigrantes trocaram seus países pelas terras tupiniquins. Já se instalaram aqui haitianos, ganeses e senegaleses em busca de uma vida melhor. O visto provisório concedido pela Polícia Federal lhes dá direito de morarem e trabalharem no país.

Fallou Wade, 17 anos, natural de Touba, Senegal, chegou ao Brasil pelo Acre antes da Copa do Mundo e recebeu um protocolo para receber o visto provisório. Instalou-se primeiramente em Caxias do Sul, mas por não encontrar emprego mudou-se para o Rio Maina, em Criciúma, e posteriormente para Nova Veneza onde começou a trabalhar em uma empresa de confecção de roupas. Uma das dificuldades de encontrar emprego nas empresas contratantes de imigrantes deve-se ao fato de ser menor de idade.

“Aqui é muito melhor que lá no que se refere a emprego, consigo ganhar um pouco melhor e mandar dinheiro para a família. Lá eu não trabalhava só estudava”, ressalta Wade que mesmo jovem sonha com uma vida melhor.

A paixão pelo futebol fizeram Fallou conhecer o Brasil há muitos anos, jogava bola com seus amigos e torcia pelo time do coração que não era o de Senegal. “Eu conheço o Brasil faz muito tempo, pela internet, jogava bola e meu time preferido é o Brasil. Na Copa do Mundo de 2010 tinha o meu país também, o Senegal que bateu a França de 1 a 0. Se não é pelo Senegal eu torço pelo Brasil”, conta.

Fallou passava os finais do dia no centro de Nova Veneza para falar com sua família pela internet, sentado na praça Humberto Bortoluzzi olhada para a Pizzaria e Galeteria e desejava um dia poder trabalhar no restaurante até que decidiu passar por uma entrevista e foi contratado.

“É a primeira vez que trabalho como garçom. Lá o verbo querer é ter, quanto tu quer alguma coisa tu conquista, mas para ter alguma coisa tem que deixar outra coisa. Nunca tive vergonha, tem que tirar a vergonha. Eu quero aprender, pois nunca fiz, vou deixar eles me ensinarem, mas eu tenho que ajudar eles também”, destaca Wade.

Fallou fala português fluentemente, aprendeu estudando e conversando com outras pessoas. Além do português conhece um pouco de inglês, fala perfeitamente o francês e suas línguas nativas. “Eu falo para mim mesmo que não vai ter uma língua que vá ser difícil”, frisa.

Apesar da cultura italiana Fallou foi muito bem acolhido e pretende trazer o irmão mais novo quando este tiver idade suficiente, agora seus planos estão focados no futuro, como parou de estudar no ensino médio senegalês, agora pretende trabalhar e retomar os estudos.

“No meu futuro eu espero trabalhar muito e ganhar muito dinheiro para ajudar muito minha mãe, ela faz muita coisa pra mim. Na minha vida lá nunca faltou nada, minha mãe não é rica, mas ela e meu pai tem dinheiro suficientes e conseguem sobreviver tranquilamente. Eu não quero perder tempo, tudo o que eu vejo que pode me ajudar eu faço, vai me dar oportunidade de crescer mais, eu quero ser alguém”, ressalta Wade.