Por que alguns lares não estão seguros? Reflexões em tempos de pandemia.

Silvana de Souza Policarpi

Hoje venho falar sobre um assunto não muito legal, mas que sempre nos acende um alerta sobre a importância de falar sobre esse assunto.

Como todos sabem estamos passando por uma pandemia e o ideal recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e Ministério de Saúde, foi aderir ao isolamento social,  estamos passando mais tempo com os nossos pares, em contrapartida o refúgio e conforto do lar é justamente o local mais perigoso  para algumas mulheres que sofrem com a agressividade de seus parceiros.

Não é de agora e nem novidade que existe a violência domestica. Um levantamento divulgado em 2019 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que 16 milhões de mulheres com mais de 16 anos sofreram algum tipo de violência no Brasil, a maioria delas em casa. Durante a quarentena, o problema da violência doméstica se agravou, tendo assim um aumento bem significativo.

A violência doméstica é identificada por fases, a primeira é percebida pela impaciência, desrespeito, irritabilidade e acessos de raiva por parte do agressor diante de situações banais, insignificantes. Neste momento, o homem costuma reagir gritando e humilhando a vítima. A maior dificuldade da mulher é de se perceber no contexto de violência, pois essa situação vai evoluindo gradualmente. Muitas vezes, a mulher minimiza o comportamento do parceiro e se responsabiliza, como se tivesse contribuido para que isso acontecese.

Na segunda fase começam ocorrer as agressões físicas, sexual, moral e psicológica. Esta etapa é conhecida por dois possíveis comportamentos da vítima: a inércia, pois até então não se percebia como tal e se mantém no contexto de violência; ou pela tomada de decisão em pedir ajuda e denunciar.  

Quando não é dado um basta na relação e nas agressões do circulo de violência, avança-se para a uma outra fase que consiste no arrependimento temporário por parte daquele que violenta. Na “lua de mel”, nome usado para identificar essa fase, o homem retoma o comportamento carinhoso, cuidadoso, disposto a mudar e a fazer valer uma reconciliação.

Mês do Júri: 315 acusados de feminicídio foram julgados - Dourados ...

Em 2019, os feminicídios foram um dos focos do Mês Nacional do Júri – Foto: Arquivo

Umas das palavra mais usadas nos últimos tempos foi o feminicidio, mas afinal qual o significado dessa palavra? Segundo pesquisas  é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Suas motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao feminino.

Muitas vezes o ciúmes excessivo, a proteção excessiva, o cuidado excessivo em querer estar a par de tudo o que acontece com a parceira ocorrendo a  invasão de privacidade, pode ser confudido pela mulher como forma de demonstrar amor. Quando na verdade, quem ama dá liberdade, confia, protege, não machuca, não magoa e muito menos não mata.

Até quando vamos ouvir que fulana foi morta por namorado ou marido? O que está acontecendo com o amor ao próximo o companherismo, cumplicidade , paciência, sabedoria a confiança entre casais. Porque é disso que é formada uma relação saudável se faltar alguma dessas virtudes a relação forma uma ruptura na estrutura, acontecendo todas essas barbaries que está virando quase que rotina. Isso tem que acabar precisamos de um basta nessas violências contra as mulheres precisamos sim meter a colher quando escutamos pedidos de socorro, precisamos sim ficar atentos quando casais “lavam a roupa suja” na sua frente, pois pode ser um pedido de socorro.

A questão da violência contra a mulher deve ser tratada como um problema de saúde pública, pois o número de mulheres vítimas deste fenômeno é grande, como apontaram as pesquisas mencionadas, portanto, o Estado deve criar meios de intervir, não só punitivamente, mas também através de medidas socioeducativas, visando também a prevenção e promoção da saúde da mulher (BRASIL, 2009 e SOARES, 2005).

Diante  todo esse sofrimento físico e psicologico na mulher foi criada a Lei nº 11.340/2006, para prevenir, punir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher, conhecida como Lei Maria da Penha.

Quer ajudar?

Disque denúncia 100 ou disque 180.

 WhatsApp e Telegram da Polícia Civil (48)988441100. 

Delegacia virtual acesso pelo site da PC www.sc.gov.br

Os boletins de ocorrência de crimes de Estupro e de lesão corporal relacionada a violência doméstica devem ser registrados, presencialmente, em qualquer delegacia.

Silvana de Souza Policarpi

Psicóloga Clínica Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Especialista em Gestão Empresarial e Recursos Humanos; em Gestão de Pessoas e RH. Amante da vida e da natureza, corredora amadora que ama sentir o vento batendo no rosto.