Quando foi que o “comum” virou “normal”?

Scheila Bendo Ferreira

Estamos aceitando padrões comportamentais insatisfatórios por considerá-los normais. Se não bastasse aceitá-los, estamos reproduzindo dia após dia, estes mesmos padrões e comunicando para as pessoas que mais amamos e para a sociedade no qual estamos inseridos que não tem jeito mesmo, é normal.

Se acostumar com o que não nos faz bem, pode ser comum, mas acredite, não é normal. Confesso que não havia parado para refletir sobre este assunto até ler o livro O poder da Ação de autoria de Paulo Vieira. Com exemplos do nosso cotidiano, o autor destaca como a dificuldade de distinguir o que é comum do que é normal nos afeta diariamente.

Considere comum, tudo aquilo que acontece com frequência. Um modelo comportamental ou situacional que se repete. Sendo assim, os condicionamentos negativos repassados de geração em geração e amplamente divulgados pelos meios de comunicação fazem com que o comum vire normal.

Desta forma, nos eximimos da nossa autorresponsabilidade de criar relações abundantes e satisfatórias simplesmente por que estão enraizadas em nós crenças de que a escassez, as limitações e os relacionamentos vazios são normais.

“Nós não podemos confundir o que é normal com o que é comum. Falar com a esposa friamente pode ser comum, mas não é normal. Tomar remédio para dormir pode ser comum, mas não é normal. Não haver diálogo em casa pode ser comum em muitos lares, mas de jeito nenhum é normal. Estar acima do peso é comum, mas não é normal. As pessoas estão confundindo “comum” e “normal” e transformando o primeiro no segundo.” (Paulo Vieira)

Estamos disfuncionais em nossa forma de nos relacionar com as pessoas e não estamos enxergando com clareza qual é o nosso papel e a nossa responsabilidade mediante os fatos. Abrimos mão de construir uma vida abundante para se encaixar no padrão do que é comum.

E se retirássemos essa programação implantada em nossa mente e parássemos de aceitar uma vida medíocre por que é normal? E se não acreditássemos mais em limitações e parássemos de “construir” relacionamentos frustrantes e mornos por que é normal?

Tenha consciência de que normal mesmo é ser abundante, é ter brilho nos olhos e sentir que está construindo relacionamentos baseados no amor e na harmonia. Normal é ter o peito transbordando em gratidão e se sentir contribuindo com a vida.

Normal é ter o poder de ressignificar a própria vida e sentir paixão pelo que faz. É colocar-se em movimento e se permitir vivenciar inúmeras experiências. Normal é ter o direito de errar, aprender e reaprender quantas vezes forem necessárias por que sabe que a vida é um contínuo processo de crescimento.

Normal é viver de verdade, ao invés de apenas existir. É lembrar que ser feliz pode não ser muito comum, mas pode ser normal, se assim desejar.

Scheila Bendo Ferreira

Graduada em Gestão de Recursos Humanos com especialização em Desenvolvimento Humano e Organizacional. Reikiana e apaixonada por assuntos relacionados a comportamento, autoconhecimento e espiritualidade.