Carteado na praça
Não me perguntem as regras porque não saberia quase nada correndo o risco de errar. Mas lembro desde a mais tenra infância de ver as mesas de baralho dos adultos, especialmente no Distrito de Caravaggio logo após a missa dominical. No centro de Nova Veneza não é diferente.
Além do “Tressette”, jogava muito o “Triunfo” ou “Trónfo” como se diz na pronúncia carregada do dialeto dos mais idosos.
Na praça de Nova Veneza é a cena mais comum e característica que conheço. Os velhinhos aposentados e os não tão velhinhos, alguns não aposentados também, são figuras “carimbadas” nas pequenas mesas de quatro lugares, mas que chegam a reunir dezenas de curiosos para uma espiada nas artimanhas dos jogadores e dar um “pitaco”, uma “palesada” do italiano palesare. É possível fazer apostas em dinheiro, mas sempre são valores simbólicos, com objetivo apenas de dar sentido ao tempo “perdido” dos assíduos frequentadores do “cassino” da praça de Nova Veneza.
Como a concorrência pelos espaços da praça é bastante grande, eles tem dias e horários bastante específicos de frequência, geralmente nos dias e horários que a presença dos turistas é mais rarefeita.
Majoritariamente jogado por homens no caso da praça, o jogo de cartas é bastante comum entre as mulheres também, mas mais restrito aos ambientes familiares.
Carteado na praça. Mais uma bela tradição “dei nostri vecci”. Patrimônio imaterial de Nova Veneza.
Desejo a todos muita luz.
Um forte abraço e até a próxima.
José Luiz Ronconi
José Luiz Ronconi, arquiteto, fotógrafo, amante de um bom vinho e uma boa companhia. Procuro exercitar meu olhar e minha percepção crítica da paisagem que me cerca.Colunistas
