Primeiros meses na Europa, tudo novo!

Adrieli Roman

Essa é uma das primeiras coisas que aprendemos, dividir casa com pessoas que nunca vimos.

Ainda estava me acostumando com a nova realidade, e não demorou muito para algumas coisas mudassem novamente. Morávamos em um tipo de mini apartamento, com 3 andares e sem elevador, nossa casa ficava no último andar ~perfeito para quem precisava comprar fardos de água quase toda semana~. Era recomendado comprar garrafas de água para não beber a da torneira, particularmente eu achava o gosto da água de lá estranho, parecia ser mais “pesada” que a do Brasil.

Naquela mesma semana um casal de São Paulo também chegou na casa. Essa é uma das primeiras coisas que aprendemos, dividir casa com pessoas que nunca vimos, felizmente eles são incríveis, e posso dizer isso no presente mesmo, pois nossa amizade se mantém até hoje!

A cidade era pequena, sem muitas atrações e sair de lá custaria caro, afinal, não se podia trabalhar e o dinheiro que havia levado ainda era convertido em reais, 1 Euro custava cerca de R$4,60. Tudo precisava ser colocado na ponta do lápis.

Apesar disso, nossa casa tinha uma vista linda e ficava perto de um lago. Na margem do lago, havia uma pracinha e uma extensa pista de caminhar, além dos restaurantes, cafés e sorveterias, que eram lindos, mas nunca entrei. Uma coisa que me deixou surpresa, foi ver uma espécie de “estacionamento” para as lanchas, e isso era comum, as pessoas vinham do outro lado do lago, deixavam suas lanchas ali para aproveitarem as belezas e a gastronomia local.

As ruazinhas eram bem estreitas, e dificilmente você encontrava casas “baixas” praticamente todas tinham entre 2 e 3 andares. O silêncio prevalecia e só era interrompido quando a cada meia hora os sinos das igrejas tocavam ao mesmo tempo. O sol forte se estendia ao longo do dia e só dava lugar para a noite lá pelas 21h.

O evento mais agitado que tivemos lá, foi uma festa na pracinha do lago, com direito a barraquinhas de comida, bebidas, doces, brinquedo, como se fosse aquelas festas de bairro, sabe? Naquele dia teve também uma queima de fogos com duração de 30 minutos, sincronizada com música. Foi uma noite linda, famílias e a amigos reunidos, brindando e comemorando, muitas pessoas até vestiam roupas brancas, a sensação de virada de ano era contagiante.

Depois de algumas semanas, os dias começaram a se arrastar, a sensação de sua vida não ir para frente nem para trás é agoniante. Confesso que sou um pouco inquieta, estou sempre buscando algo diferente pra fazer, e como lá não se tinha muito o que fazer, eu ficava perdida. Saiamos cada vez menos de casa, na rua o calor era insuportável (isso que eu amo calor), dentro de casa a solução era juntar os ventiladores na sala e ficar por lá mesmo, assistindo todos os programas da TV italiana. Mesmo entendendo quase nada do que era dito.

Se você conversar com outras pessoas que fizeram o processo de reconhecimento, provavelmente você vai ouvir histórias semelhantes.

Depois de dois meses, eu fui a primeira a deixar a casa, embarquei em um ônibus e segui para meu próximo destino.

Adrieli Roman

Adrieli Roman, apaixonada por viagens e em busca de novas experiências pelo mundo! Atualmente moro em Londres, e pelo meu instagram (@adrieliroman), você pode acompanhar mais de perto minha rotina por aqui!