Bem-estar

Profissionais de saúde participam de palestra sobre suicídio durante Setembro Amarelo

Cerca de 80% das mortes podem ser evitadas se percebidas as manifestações e encaminhando o paciente para serviços de ajuda.

Profissionais da saúde participaram de uma palestra em referência ao Setembro Amarelo, na última sexta-feira, 25, mês de ação preventiva ao suicídio. Segundo a palestrante Ana Losso é coordenadora do Núcleo de Prevenção das Violências e Promoção à Saúde, enfermeira e professora do curso de Enfermagem na área de saúde mental, este é um problema grave de saúde pública e foram registrados este ano 42 casos na região da Amrec. “Cerca de 80% das mortes podem ser evitadas se percebidas as manifestações e encaminharmos o paciente para serviços de ajuda”, comentou.

Durante a palestra, Ana destacou os mitos envolvendo o fenômeno do suicídio, as formas de identificação para que a prevenção seja feita e orientou os profissionais sobre as melhores formas de atender e trabalhar as questões. “Até pouco tempo atrás era um assunto era tratado totalmente como proibido, principalmente no meio jornalístico. Isso veio de um livro escrito próximo do ano 1700 que tratava sobre o suicídio e houve na época uma imitação por muitos jovens. Então se criou um mito de que falar, fazer e noticiar levava as pessoas a cometer o ato, mas isso não é verdade. O assunto suicídio foi proibido e os números continuavam aumentando”, pontuou.

Segundo Ana Losso, em 2001, a própria Organização Mundial da Saúde reconheceu que o suicídio é um problema grave de saúde pública e que deve sim ser falado. “São poucas as ações relacionadas à prevenção do suicídio. O Setembro Amarelo veio para isso, o amarelo é justamente para pararmos e prestarmos atenção. Precisamos proporcionar locais onde às pessoas possam falar sobre seu sofrimento, pois nem sempre esse sofrimento é curado como uma doença”, relatou.

Ela ainda afirmou que hoje em dia as pessoas não têm mais o hábito de conversar, seja por causa do celular e dos outros meios de comunicação que estão roubando essa possibilidade de conversa olho no olho.

Sinais e orientações

Conforme estudos da Organização Mundial da Saúde em cada caso que uma pessoa se suicida outros 20 casos ou mais acabam se motivando. Outro dado é que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida. E entre as causas de morte o suicídio está em 13º lugar e entre os jovens de 14 a 19 anos é a segunda causa de morte.

Segundo a psicóloga, Marilda Ghelerre, alguns fatores são agravantes na questão do suicídio como tipos de esquizofrenia e abuso de substância como álcool e outras drogas. “O que mais leva a casos de suicídio são as doenças mentais como transtorno de humor, depressão, bipolaridade, pois a pessoa perde prazer em tudo, seja no trabalho ou na família, e para elas tira a própria vida seria uma saída”, explicou.

De acordo com a psicóloga, o suicida sempre dá sinais de um desejo de querer se matar, como isolamento, mudança de comportamento, falta de amigos, falta de alimentação são alguns deles.

“São pequenos sinais que se for uma família bem estruturada irá perceber, mas não é hora de brigar e sim de sentar, conversar, acolher e buscar ajuda. É importante a pessoa falar e existem estudos científicos que quanto mais a pessoa fala sobre esse desejo de morte, mais ela vai elaborando subsídios para saber lidar com essa situação. Teve um período que se dizia para não tocar no assunto, não funciona, falar é a melhor solução”, aconselhou.

Marilda notifica que nas situações mais graves é feito um encaminhamento para unidades fora do município, mas quando as situações são leves, a própria Unidade de Saúde se encarrega do caso. Outro ponto comentado pela profissional é a dificuldade de internação, segundo ela, são apenas dois leitos psiquiátricos disponíveis no Rio Maina para o município de Nova Veneza.

“As pessoas tratam com descaso o suicídio e não percebem a gravidade, pois estão fazendo uma espécie de bullying ao invés de acolher. É uma dor invisível, ainda tem muito preconceito ainda em relação às depressões. Procuramos principalmente acolher, orientar a família e acompanhar”.

Ajuda

Em caso de suspeita deve procurar ajuda em uma unidade de saúde pelo telefone 3436-5455 ou órgãos como CVV (Centro de Valorização a Vida) pelo telefone 3439-0222. Um dos próximos passos será a abertura de um posto do no município para que as pessoas possam buscar ajuda.

 FOTO: NILZA KAULING VIRTUOSO/ FACEBOOK