Popularidade e viagens pelo Brasil
Como já comentei na semana passada, a popularidade do presidente vem crescendo e o índice de rejeição vem caindo bastante em todas as regiões do país, fenômeno registrado até pelo Datafolha. Com os planos econômicos lançados pelo governo dando resultado (número de desempregados menor que o esperado e pagamento do auxílio emergencial), Bolsonaro se largou em viagens pelo país para tentar mobilizar novamente sua militância, indo de norte a sul, leste a oeste do país nos últimos dias.
A estratégia do presidente é eficaz, mas não é nova no Brasil. Assim como ele, Lula e Dilma viajaram muito pelo país em seus mandatos, convergindo os interesses nacionais com os seus próprios interesses de poder. É errado? Não é. O presidente precisa estar em contato com o seu povo. Mas por trás das cortinas são intenções mais populistas do que de interesse nacional.
O LIVRO SERÁ TAXADO
É isso mesmo, os livros que são protegidos pela Constituição de qualquer imposto, poderão ter seus preços aumentados em até 12% com a reforma tributária. Ora, mas por que o livro não pode ser tributado? A resposta é simples. Porque livro é conhecimento, educação, ciência, lazer. O produto livro, que já é caro no Brasil, poderá ficar ainda mais inacessível às classes mais baixas da população. Vale ressaltar que haverá um efeito cascata, como aumento das mensalidades escolares, dos cursos de graduação e, por óbvio, o fechamento de diversas pequenas livrarias que já estão em
crise há alguns anos.
Em audiência pública, o ministro Paulo Guedes falou que livro é artigo de luxo e que somente as classes altas podem pagar seu preço, e que se o imposto se concretizar, poderia se avaliar uma ideia de doar livros a população mais pobre. O governo federal vai doar? Quais livros? Quantos livros por ano? Quem será beneficiado? As incertezas são bastantes, mas a certeza é que para o governo isso não é prioridade. Sua Bíblia Sagrada também ficará mais cara.
ABORTO
Uma pauta que está sempre em voga na política nacional é a questão do aborto. O caso da menina de 10 anos que engravidou em virtude de um estupro teve grande repercussão nacional e serviu de instrumento para as alas pró-vida e pró-liberação do aborto reverberarem as suas pautas, expondo aquela criança a um trauma que provavelmente nunca mais irá esquecer.
O Código Penal brasileiro libera o aborto em casos de risco de vida da mãe e nos casos provenientes de estupro. A menina preenchia os dois requisitos. A discussão deveria ter se encerrado ali. As cenas de pessoas na porta do hospital chamando o médico (e a menina) de assassinos foram horrorosas. Mais uma vez, sendo repetitivo, falo que não podemos agir com a emoção para não comprometermos o diálogo, e acima de tudo, não podemos querer impor a nossa crença à outras pessoas. Aqui ainda vivemos em um Estado Democrático de Direito.
DICA DA SEMANA
Como dica da semana, indico o filme “A Dama de Ferro”, que retrata a ascensão ao poder de Margareth Thatcher, primeira ministra britânica que ficou conhecida por suas políticas neoliberais e por ser dura de combate.
Por hoje é isso, ficam aí as reflexões e que todos tenhamos uma boa semana. Abraços.