Neovenezianos atuam 18 horas em resgate no Rio Grande do Sul
Os voluntários participaram de ações no final de semana, no bairro Mathias Velho.
A solidariedade e o espírito de voluntariado em ação têm sido fundamentais, nesse momento de crise como os desastres naturais que afetaram o Rio Grande do Sul. O trabalho dos neovenezianos, moradores do Distrito de Caravagggio, Mauricio Gava, Douglas Baldessar e Roberto Milanesi é verdadeiramente inspirador. Os amigos viajaram para a capital gaúcha no sábado, e atuaram 18 horas no resgate feito de barco de mais de 160 pessoas, neste final de semana, no bairro Mathias Velho em um dos maiores de Porto Alegre.
A história compartilhada por Mauricio Gava, sobre a foto de uma criança em cima de um telhado pedindo ajuda, mostra como o impacto humano dessas situações pode ser profundamente comovente e motivador para a ação. “Chegamos na capital gaúcha por volta das 18h30, no bairro chamado Bairro Mathias Velho, é um bairro gigante, mais de 140 mil pessoas vivem nesse bairro e sem rumo, a gente não sabia onde ir, já estava escurecendo. Mas eu tinha em mente que estava ali para salvar aquela criança em cima de um telhado pedindo ajuda, foi quando tive a certeza que precisava ir para lá. Quando entramos com o barco na água, veio um rapaz do meu lado e perguntou se eu sabia onde eu estava indo. Falei que não, mas que eu ia procurar a criança. Ele informou que havia uma escola com quase 200 crianças a serem resgatadas. Percorremos quase sete quilômetros, durante uma hora de barco. Cerca de 130 pessoas foram retiradas de lá com a ajuda do nosso e de outros barcos que pediram ajuda. O resgate foi concluído cerca de 3h30 da manhã de domingo. Naquela escola, a gente resgatou crianças, adultos, idosos e animais. Também resgatamos no percurso pessoas com deficiência física, um pai tetraplégico, com duas filhas, a Helena e a Lavínia, de 7 e de 3 anos, a esposa dele e a irmã dele, presos numa casa. Uma família com a mãe, uma filha, de uns 8 anos, e um filhinho especial. Isso nos tocou muito”.
Após o grupo voltar para o local central, tomaram um café, pois não tinham feito nenhuma refeição nesse período e descansaram apenas uma hora. “Logo na sequência, o Vinícius, nosso guia, que nos orientava, me ligou, pois ficou sabendo que uma igreja evangélica, que são amigos do pai dele, precisavam de resgate. “Levamos quase uma hora para chegar na igreja, encontramos 32 pessoas no segundo piso, estavam há dois dias sem água, fazendo as necessidades num balde, num espaço que media 7 por 6 metros. Ali a água estava subindo rapidamente, quase chegando em cima da porta”.
Gava relata que o que também os comoveu, era passar por várias pessoas em cima de residências clamando por socorro. “Como nós precisamos resgatar pessoas que permaneciam em pontos distantes da base. Isso me comovia, mas precisavam focar nos esforços para irmos até a escola e, posteriormente, a igreja”.